Moinho Graciosa

Ao lado de outras indústrias e próximo a Rodoferroviária, o edifício do Moinho Graciosa S.A. persiste na paisagem curitibana.

Idealizado em 1953 pelos norte-americanos de origem chinesa, Franklin Chao, Chi Chiao-Yu, H.C. Wong e pelo brasileiro Paulo Barbosa, a indústria moageira inicialmente se estabeleceu no município de Morretes, próxima a Estrada da Graciosa, entre Curitiba e o porto de Paranaguá.

Poucos anos depois, a fim de se expandir, a empresa encomendou da Inglaterra o maquinário para se instalar em Curitiba. Na capital, buscou um local estratégico a poucos metros da estação ferroviária de modo a facilitar a logística da produção. O terreno de 4.300 m² na avenida Comendador Franco, nº 98, no bairro Jardim Botânico, preencheu os requisitos e foi comprado da Sociedade Territorial Capanema Ltda, em março de 1958.

Naquele mesmo ano, a Prefeitura emitiu o alvará para construção do moinho e do armazém. Consta como autor do projeto o engenheiro Hilario Paulo Miers, e como construtora a firma Campos Miers & Cia Ltda.

Moinho Graciosa Curitiba

Foto: @fotografeali

Anúncio publicado em 1961, no Diário do Paraná, exibe um pacote da marca acompanhado da frase “iguaizinhas às feitas em casa”, referindo-se as massas Graciosa. O produto era vendido em embalagens de 200 e 450 gramas. No ano seguinte, o jornal A Tarde noticiou os planos do Diretor-Presidente, Franklin Chao, de duplicar a produção de massas e iniciar a fabricação de alimentos desidratados tais como arroz, feijão e batata em forma de purê.

Para que o plano do Presidente se tornasse realidade, a fábrica passou por diversas ampliações. Em 1966 foi construído um novo depósito em alvenaria para os cereais. No ano de 1978, instalou-se um silo metálico com capacidade para 600 toneladas. E em 1984, outros dois silos para armazenagem de trigo foram adicionados pela Deppe Construções Civis.

Outra reforma significativa ocorreu em 1987, quando o arquiteto Luiz Carlos de Góes planejou o prédio administrativo de cinco pavimentos para abrigar refeitório, cozinha, despensa, sala de reuniões, diretoria, gerência financeira e os departamentos de vendas, contabilidade, recursos humanos, jurídico, entre outros.

O declínio viria na década seguinte. Em setembro de 1995 a companhia entrou em concordata e obteve um prazo de dois anos para pagamento das dívidas com os credores. Apesar de ganhar certo fôlego, em 1998 a empresa ajuizou pedido de autofalência com continuidade dos negócios, que foi autorizada por sentença em junho daquele ano. A decisão preservou o emprego de 284 funcionários do Moinho.

Todavia, a continuidade dos negócios da massa falida se tornou impraticável e as atividades foram encerradas em definitivo um ano depois, em julho de 1999.

Moinho Graciosa Curitiba

Foto: @fotografeali

A abertura do mercado nacional para empresas estrangeiras, a desregulamentação do setor moageiro, os juros elevados e a concorrência insustentável com a farinha de trigo da Argentina são apontados como razões para falência da Indústria.

Posteriormente, a fábrica chegou a ser arrendada por outras duas empresas também do setor de alimentos. A primeira delas utilizou o imóvel entre setembro de 1999 e outubro de 2002, enquanto a segunda arrendatária manteve suas atividades entre o início de 2003 e o final de 2007, quando teve o contrato rescindido por inadimplência.

Sem uso, o antigo Moinho foi invadido e depredado por diversas vezes.

Em torno de 2013, parte da fábrica foi desapropriada e demolida pela Prefeitura de Curitiba para a ampliação da Avenida Comendador Franco.

Ao longo dos últimos anos, a maior parte dos bens móveis e imóveis da empresa foram leiloados para honrar compromissos pendentes com credores e quitar dívidas trabalhistas e tributárias. A antiga fábrica do Moinho Graciosa foi arrematada por R$ 4.266.348,00 – mesmo valor em que foi avaliada – pela Construtora e Incorporadora Canela Ltda, em leilão realizado no dia 18 de março de 2016.

 

FICHA TÉCNICA

  • Nome: Moinho Graciosa S.A.
  • Ano de construção: 1958
  • Arquiteto/EngenheiroHilario Paulo Miers
  • Tipologiaindustrial
  • Endereço: Avenida Comendador Franco, nº 98, Jardim Botânico

 

FONTES

Departamento de Gestão do Arquivo – Prefeitura Municipal de Curitiba.

Secretaria Municipal do Urbanismo – Prefeitura Municipal de Curitiba.

Relatório de falência. Brazilio Bacellar Neto e Advogados. Curitiba, 12 de julho de 2021.

Uma Firma-Duas organizações: o trabalho de homens de boa vontade, ao encontro do comum objetivo de progresso do Paraná – o que são, em nosso estado, o “Moinho Graciosa S.A.” e a “Cia Agrícola Paranaense S.A.” A Tarde, Curitiba, 27 de abril de 1956. Edição 1780, p. 2. Biblioteca Nacional/Hemeroteca Digital Brasileira (BN/HDB).

http://memoria.bn.br/docreader/797596/10519

Anúncio Massas Graciosa. Diário do Paraná, Curitiba, 20 de agosto de 1961. Edição 1906, p. 7. (BN/HDB). http://memoria.bn.br/docreader/761672/38200

Em Curitiba, a primeira fábrica de alimentos desidratados da A. do Sul. Diário do Paraná, Curitiba, 8 de julho de 1962. Edição 2170, p. 6. (BN/HDB).

http://memoria.bn.br/docreader/761672/41811

CASADO, Vânia. Moinho Graciosa obtém auto-falência. Folha de Londrina, 9 de julho de 1998.

https://www.folhadelondrina.com.br/economia/moinho-graciosa-obtem-auto-falencia-85681.html

 

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